Vida e responsabilidade
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texto por Ana C. Alem Giglio
Não é preciso esperteza demais para compreendermos que a vida tem um propósito evolutivo. Que ela é uma infindável proposta de aprendizado e de evolução de quem nós somos agora para que alcemos patamares de maiores níveis de consciência sobre a realidade da existência e sobre quem nós somos, para que assim possamos intervir cada vez mais positivamente no mundo e nas pessoas ao redor.
Estarmos alinhados a essa jornada evolutiva, independentemente do ponto em que estejamos, significa momento a momento partirmos de um estado de maior nível de egoísmo e menor nível de amor para caminharmos em direção a um patamar de menor egoísmo e maior amorosidade. Isso nos leva a estados cada vez mais plenos de cooperação, estados em que podemos compreender que não estamos apartados uns dos outros, de que somos todos células de um mesmo organismo, trabalhando pela harmonia do todo.
Nesse sentido temos para conosco e consequentemente para com a vida, a responsabilidade constante de fazermos escolhas que nos façam caminhar nesse sentido, oposto ao egoísmo, o sentido do amor, da cooperação e da fraternidade. A verdadeira e mais profunda inteligência, que do latim significa Intelegere (escolher dentre), é a de sabermos fazer boas escolhas. A verdadeira inteligência é a sabedoria de escolhermos bem, dentre tudo o que nos é ofertado pelo meio.
E o que é escolher bem? Já pensou nisso? Se a vida nos propõe caminharmos em direção ao amor, a um estado de fraternidade, então escolher bem significa escolher o que nos leva nesta direção. Se caminhar no sentido do amor é caminhar em sentido oposto ao egoísmo, então, o que me faz escolher bem é sempre norteado pelo eixo da ética, que é aquela nos faz escolher algo não por ser bom para mim, mas por ser bom para todos. Nesse sentido, a responsabilidade inerente à vida é a de questionarmos as nossas atitudes e as nossas escolhas. Quanto de egoísmo ainda existe nas suas escolhas e na maneira como você leva a sua vida? Esse questionamento deve permear nossas tomadas de decisões em todos os âmbitos; o que assistimos, o que falamos, o que compramos, o que comemos… Mudar hábitos é difícil, né? É mais fácil colocar em outras pessoas a culpa dos incêndios, da fome, da exploração da natureza e dos animais, do racismo, da violência… Essas outras pessoas tem sua parcela de culpa mesmo, inegavelmente, mas, quanto das minhas atitudes fomenta esses erros alheios? Será que eu já alcancei um nível consciencial suficiente para questionar meus hábitos e fazer escolhas diferentes, escolhas pela ética, pelo amor?
Kant, quando falou sobre ética, de maneira muito eficiente explicou que para compreendermos se uma escolha é ética ou não, devemos generalizá-la a um nível global, ou seja, devemos perguntar-nos: se todas as pessoas do planeta fizessem a mesma coisa, o resultado nos levaria a um estado de maior cooperação e amor ou nos levaria a um estado de maior desequilíbrio e injustiça?