O engano sobre a autoconfiança

ImensaMente
2 min readSep 15, 2020

texto por Ana C. Alem Giglio

Qual o verdadeiro significado de ser autoconfiante? Esta característica nos é exigida em quase todos os contextos que fazem parte do mundo moderno, mas se não compreendermos verdadeiramente seu sentido, não há dúvida de que guardaremos dentro de nós exigências que poderiam ser jogadas fora. A palavra confiança tem origem no latim, confidere, que significa "acreditar firmemente em algo". Consequentemente, a autoconfiança se trata de acreditarmos firmemente em nós próprios. Qual a parte de nós que nos torna plenamente confiáveis? O que faz com que acreditemos firmemente em nós mesmos?

Vejo por aí uma ideia deturpada a respeito da autoconfiança; noto uma crença de que confiar em nós mesmos é acreditar que somos melhores, acreditar que vamos acertar, que seremos reconhecidos e apreciados. Colocamos assim uma série de condições para confiarmos em nós mesmos, sem as quais, a confiança morre. E claro que morte da autoconfiança, mesmo que temporariamente, faz com que coloquemos em xeque nosso valor, nossas habilidades ou nossa inteligência. Quando a autoconfiança depende de fixarmos nosso mastro unicamente na possibilidade de obtermos êxito, excluímos que o erro é uma parte importante de qualquer processo e que, portanto, devemos aprender a lidar com ele. Quando a autoconfiança se sustenta apenas no acerto, ela torna-se altamente frágil, pois ao sinal de qualquer possibilidade de falha, ela desmorona. A verdadeira autoconfiança deve ter, portanto, uma única condicional, que é o fato de fazermos o melhor que pudermos diante das circunstâncias.

Desta forma, independentemente do resultado, teremos consciência de que deixamos um rastro daquilo que temos de mais valoroso, não somente em relação às nossas habilidades, mas também e principalmente em relação à ética das nossas tomadas de decisão. Desta forma, depositamos toda a nossa atenção unicamente no que podemos controlar, considerando a falha como possibilidade, mas sabendo que caso ela ocorra, o que está no nosso controle é a maneira como reagimos a ela. Podemos escolher aprender com ela e garantir que nossa autoconfiança permaneça viva na certeza de que fizemos o melhor possível e que diante do aprendizado proporcionado pelo erro podemos nos tornar um pouco maiores.

A verdadeira confiança, dessa forma, está relacionada com a honestidade no propósito de aprendizado diante das possibilidades, já que esta é a maior garantia de que estamos fazendo o melhor possível dentro daquilo que nos cabe como seres humanos. A abertura para o aprendizado é a única garantia de que estamos cumprindo a proposta de crescermos, afinal, de que serviria qualquer conhecimento se não fosse para nos tornarmos melhores do que somos?

“O ser humano que faz o seu melhor faz tudo o que se pode esperar dele” — Helena Petrovna Blavatsky.

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